O homem permanecido na ignorância
inata
Desde o declínio da educação [liberal
clássica] na época do Renascimento (1300-1600) no ocidente, a ignorância é algo
que assombra toda a humanidade. O indivíduo moderno há, geralmente, uma mistura
de egocentrismo (e.g. relativização ou negação da verdade, comodismo
intelectual, narcisismo) e a arrogância – bancar de detentor do que é
verossímil, apenas com palpites, sem ao menos saber ouvir um contraponto e,
assim, rejeitando compreender a luz – mantendo-se veementemente inerte crendo
que ao longo do tempo que progrediu no caminho saber.
Basta investigar-se por meio da introspecção
para revelar a tamanha ignorância, ou melhor, a ausência de algum intelecto
formulado. Todos da contemporaneidade estão fardados a seguirem o ensino
simplista e compulsório que os sequestraram por décadas e metaforicamente, se
permite o interlocutor, foi inserido um programa limitando o saber. Comumente,
não se busca conhecimento além do que é tratado em um curso, todavia, fato é
que o aprendizado é intransitivo. Pouquíssimas pessoas usufruem, atualmente, do
privilégio da educação; o ensino na sociedade foi universalizado.
Para melhor entendimento não há
nada melhor que um exemplo, sendo este a alegoria da caverna: Os homens presos
numa caverna acorrentados visualizavam as ofuscas sombras – representando o
ensino – de corpos que passavam do lado de fora da caverna. Um breve dia um dos
homens solta-se, por curiosidade, das amarras e caminha – representando a
educação – para enxergar o que há no exterior, recebendo uma bordoada da sua
visão por jamais ter a oportunidade de olhar a luz e, assim, deslumbra o que se
vê. Sendo a luz, a verdade; o caminhar para fora, a educação.
Se hemisfério oeste conservasse o
que Aristóteles e seus sucessores tinham para oferecer no que diz respeito às
três artes liberais: gramática, lógica e retórica; na escola, não teria um imenso
tempo perdido e as gerações estariam cada vez mais cultas.
Exposto um tanto do assunto, será
que o homem sabe que não sabe? Se souber, será que não se vergonha por não
saber? Ou será que existe medo em si? Pois muitos, infelizmente, vangloriam-se
do pouco saber e contingencialmente gozam risadas de um culto alheio. Aquele
que navega no conhecimento é homo sapiens non sapiens,
pois compreende o pouco de seu intelecto.
Irei mais além. Nem ao menos são
apresentados os grandes nomes da história da ciência e seus feitos, e quando
são, há uma extrema superficialidade. O currículo das ciências humanas das
universidades tem como ponto de estudo ideologia de gênero, polilogismos que criam
divergências entre classes, positivismo, teoria crítica. Não é ensinada a
lógica, falácia lógica, falácia retórica, como chegar à verdade, muito menos
como funciona a relação do símbolo e conceito. Não fazem nem ao menos alusão de
grandes nomes como os medievais ou modernos como Gottfried Leibniz, Adam Smith, Fréderic Bastiat e Edmund Burke com suas ideias que transcendem o modo de pensar. Há uma
superficial passagem sobre as artes, no caso de pinturas e literatura, já no
caso da música, ao decorrer do curso do tempo é cada vez menos aprazível e nem
é comentada no local de estudos, i. e., a escola. Claramente há uma hegemonia
por parte do planejamento centralizado pronto para doutrinar a consciência.
Será que alguém percebeu que muitos dos grandes nomes eram tanto filósofos
quanto matemáticos e literários?
Se o motivo deste blog é justamente
entender a sociedade e se possível verificar se há como melhorá-la. Então este artigo
é, no mínimo, de extrema importância. Não há como entender a sociedade sem
entender o indivíduo, e, por conseguinte, é impossível entender o indivíduo sem
a plena noção de didática. Se for apenas para um desabafo, de qualquer forma, este é o jus do autor.
“Podemos facilmente perdoar uma
criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm
medo da luz.” – Platão.